ESCOLA DE ANÁLISE
Tradução de OTHON PINHO
Na presente publicação de nosso artigo nós apresentamos um resumo da conferência do Grande Mestre Internacional WLADIMIR VIGMAN para os alunos da Universidade de Cultura damística da Latívia, no ano de 1988.
ANÁLISE NO JOGO DE DAMAS
É possível dizer, sem exageros, que num grau definido
(subentendo-se não tal que o conhecido damista francês GEORGE POST
denominou como ginástica, como desenvolvimento do dedo indicador,
mas nada particularmente de intelectual) a análise se apresenta, em
si mesma, como o próprio conteúdo do Jogo de Damas.
Esta é a maneira de otimamente definir lances ou plano de jogo e, propriamente, é o caminho efetivo da perfeição (pois a análise permite descobrir falhas, desmascarar as deficiências suas e alheias no jogo , de um modo, conforme corretamente estruturar o seu trabalho por eliminação delas) e instrumento para fixar um objetivo como verdadeiro (por exemplo, junto a comentários).
Todavia, ainda como isso possa parecer estranho, junto à enorme quantidade de publicações propriamente de análises damísticas, uma, dedicada diretamente à análise metódica, praticamente não existe.
O presente trabalho, não pretendendo avolumar toda profundidade da exploração, é uma acanhada tentativa de preencher esta lacuna, mostrar particularidades específicas, etapas dos diferentes gêneros da análise e, também, com concreto material damístico, ilustrar maneiras de sua aplicação prática.
Antes de começar com o exame delas, observo que todo dito sobre análise, em completas medidas, refere-se ao cálculo, pois eles apresentam no todo, em si, apenas diferentes formas de uma tal mesma atividade.
ANÁLISE CRONOLÓGICA (DIRETA)
A essência deste aspecto encerra-se na análise com o objetivo da partida ou com particularidade da posição, em cronologia, na ordem das jogadas ( então, existindo tal particularidade, esta dirige o que fazer na partida).
A análise cronológica se aplica tanto de imediato durante o duelo (na forma de cálculo), assim como no trabalho antes e após a partida.
Este aspecto é a máxima universal e ele permite resolver qualquer tarefa.
No programa de análise cronológica o autor a separa
em oito etapas:
Prévia avaliação da posição, baseada em conhecimentos gerais, associações,
analogias, etc.
Definição do objetivo e tarefa ( por exemplo, Objetivo: alcançar a vitória.
Tarefa: encontrar um plano ótimo)
¨ Pilotagem ¨ da exploração (simulação superficial) com o objetivo de definição da ¨intensidade ¨da árvore de análise, isto é, o círculo de continuações às quais é racional examinar.
Trabalho com definição de hipótese ( separação de uma continuação do
círculo das racionais).
05.Estágio experimental
( precisamente de análise ou cálculo).
06. Verificação da análise.
07. Comparação do resultado
obtido com o objetivo e a tarefa.
08. Correções, em caso de necessidade. Se o resultado não coincidir com o
objetivo, é necessário uma repetição da exploração, baseada no trabalho
de nova hipótese.
Se a verificação do trabalho de todas as hipóteses
não conduz à coincidência do resultado da análise com o objetivo,
neste caso o objetivo determinado é errôneo e, para repetição da
exploração, se necessita corrigir o próprio objetivo.
Na dimensão de uma partida, todo este processo da análise se repete reiteradas vezes, e, é verdade, em algumas etapas, em casos isolados, se desanima.
Examinemos como se estrutura a análise cronológica em
um exemplo concreto.
diagrama 01
No diagrama 01:
01. Junto a uma prévia avaliação da posição, chama a atenção, em si mesmo, o enlaçamento do flanco esquerdo das pretas: duas pedras brancas e3 e h4 contêm três unidades do adversário, f6 – g5 e h6. Isto pré-determina a iniciativa das brancas.
02. Se para as brancas resultasse bem neutralizar a
atividade das pedras a5 e b4, conservando junto a isto o enlaçamento,
então elas estão no direito de aspirarem à vitória.
Desta maneira, nós definimos objetivo: ganho das
brancas. E a tarefa: encontrar um plano ótimo de realização da
vantagem.
03. Agora, mediante a ¨pilotagem ¨da exploração
provemos definir o círculo de continuações possíveis.
À disposição das brancas existem cinco jogadas: 1.
cb2 , dc3, ed4, ef4, ef2.
Sem dúvida, 1. dc3 será colocada de lado, de
imediato, pois as brancas entregam duas pedras, sem qualquer
compensação.
Desta maneira, restam quatro continuações.
Provemos apartar uma delas, a mais de todas em
conformidade com o objetivo colocado: 1. ed4 ( por 1. ... fe5) e,
depois, 1. ef4 porque ambas liquidam o defeito fundamental na
disposição das pretas – o enlaçamento.
Por outro lado, 1. ef2 permite ao lado contrário ativar-se: 1. ... bc3 2. d:b2 a:c3.
Ao que parece, o máximo de atenção merece 1. cb2.
Vamos nos deter no trabalho desta hipótese.
Passemos ao estágio experimental.
Após 1. cb2 de lances não levando a perdas materiais, junto às pretas resta somente 1. ... ba3, ao que seguirá: 2. bc3 ab4 3. c:a5 ab2 ( após 3. ... fe5, 4. h:d4 ab2 5. ab6, três pedras a mais garantem a vitória para as brancas) 4. dc3 b:f2 5. e:g3 gf4 6. g:g7 h:f8 7. hg5 fe7 8. ab6 ed6 9. gf6 X..
O que mesmo nossa hipótese de trabalho verificou com
exatidão ? a confrontação do resultado alcançado com o objetivo
pareceria que permite responder-se satisfatoriamente a esta pergunta.
Todavia, nesta altura, descobrimos um dos próprios
erros de propagação na análise: idéia pré-concebida, com a
expressiva omissão de uma das importantes etapas da exploração –
a verificação.
06. Assim, provemos constatar o quanto de caráter forçado leva a variante examinada na etapa precedente.
Nós decidimos que, em resposta a 1. cb2, junto às pretas existe um lance aceitável apenas: 1.... ba3.
Seria, assim, isto ?
Examinemos outra possibilidade: 1. ... bc3 2. b:d4
ab4 3. ef2 fe5 4. d:f6 g:e7 5. ef4 ed6 6. fe3 ba3
7. dc3 dc5 8. ed4 c:g5 9. h:f6 e o resultado é aquele mesmo.
Absolutamente absurdo aparenta: 1. ... gf4 2. e:e7 X . Resta 1. ... fe5 2. h:d4 e junto às brancas há duas pedras a mais.
Mas olhemos mais atentamente: 2. ... bc3 3. d:b4
a:a1 e nem se pode falar sobre ganho para as brancas. Aclara-se que
na terceira etapa – pilotagem de exploração – nós cometemos um
erro característico: reduzimos demasiadamente a árvore da análise.
07. Somente agora, confrontando o resultado da
exploração com o objetivo, certificamo-nos de que nosso trabalho
teve um curso errado.
08. É necessário corretivo. Neste caso, nós devemos corrigir o trabalho em qualidade, trilhando as três outras continuações, isto é, retornar à quarta etapa.
Eis que, se estas possibilidades não dão convergência do resultado com o objetivo, então será possível dizer que se necessite correção no próprio objetivo. E, por enquanto, tem-se as continuações: 1. ef4, ed4 e ef2.
Repitamos tudo até a quinta etapa. Não é difícil
certifica-se que, na primeira delas, 1. ef4 g:e3 2. d:f4, de um
modo geral, se é obrigado a não pensar sobre vitória das brancas.
Bem mais complexo é decifrar as conseqüências de 1. ed4. A posição das pretas nesta continuação fica inteiramente dificultosa apesar do fato que a elas resulta bem livrar-se do enlaçamento.
Todavia, até mesmo uma superficial pilotagem de exploração demonstra que os recursos defensivos das pretas aqui estão longe de se esgotar e, conseqüentemente, para correta conclusão, é necessário fazer um trabalho muito grande.
Por isto, procedamos assim, como procedem em semelhantes situações os damistas de qualificação superior: primeiro provemos 1. ef2 e já a seguir, se esta jogada não permite atingir o objetivo, voltemos ao ¨laborioso ¨1. ed4.
Assim, 1. ef2 bc3 2. d:b4 a:c3 3. fg3 cd2 e agora nós temos o estereotipado e conhecido método de proceder: 4. ef4 ! g:e3 5. gf4 ! e:g5 6. c:e3 X. Verificado !
Tudo está em seu lugar.
O resultado obtido confere com o objetivo. A necessidade da exploração experimental 1. ed4 se refuta.
Conclusão: Na posição proposta para análise, no
diagrama 01, as brancas podem alcançar a vitória. O plano ótimo
para atingir o objetivo está ligado com 1. ef2 ! etc.
ANÁLISE RETROSPECTIVA
A essência deste gênero encerra-se na análise com
objetivo da partida ou com parte fracionada dela, ao inverso da
sucessão de jogadas ( isto é, dos últimos lances até os primeiros
), na busca do erro decisivo de um lado, junto aos preparativos de
comentários sobre a partida.
Como é visível, este gênero de análise diferencia-se universalmente da cronológica e se aproveita preferentemente para exame de partidas concluídas.
A análise retrospectiva se fundamenta por regular repetição dentro de cada lance no processo da busca do erro que influenciou no resultado da partida.
Este processo se baseia em sete etapas, conhecidas por nós, da análise cronológica.
Do nosso já conhecido programa, cai fora apenas a
primeira etapa, pois a avaliação é o último de todos os
¨paradigmas ¨da posição ( paradigmas da posição o autor
denomina o conjunto de todas as posições, na partida ou análise,
surgidas após cada lance completado), já conhecido pelo resultado
da partida.
Examinemos como se estrutura a análise retrospectiva
com um exemplo concreto.
A partida a ser analisada:
01. ed4 fg5 02. cb4 dc5 03. b:d6 e:e3 04.
f:d4 gh4 05. ab4 h:f2 06. g:e3 hg5 07. bc3 gf6 08. ab2 hg7 09.
ba3 gh4 10. hg3 h:f2 11. e:g1 fg5 12. ef2 gf4 13, de3 f:d2
14. c:e3 gf6 15. ba5 fg5 16. fg3 bc5 17. d:b6 a:c5 18. ed4 c:e3 19.
gf4 cd6 20. f:d2 dc5 21. de3 de7 22. cb4 gh4 23. b:d6 e:c5 24.
ef4 bc7 25. gf2 cd4 26. ab4 fe7
27. fe5 d:f6 28. bc5 ed6 29. c:g5 h:f6 30. fe3 fe5
As brancas se renderam. b
Objetivo:
descobrir o erro decisivo das brancas.
Tarefa: encontrar em qual momento e qual lance (ou lances) se permitiria (ou permitiriam) para as brancas, junto ao jogo mais forte por ambos os lados, alcançar resultado diferente do que ocorreu na partida.
A seguir, reproduzindo o ¨paradigma ¨ da posição em
ordem inversa, nós iremos realizar o programa da exploração,
apoiando-nos nas etapas da terceira até a oitava, até quando chegar
o momento de estar completa a tarefa colocada.
Para facilitar o processo, na prática, como regra, as etapas vão baixando: vem a quarta até a oitava.
Desta maneira, sucedendo a pilotagem da associação (
definido o círculo de continuações, as quais são racionais de
examinar ), habitualmente de imediato seguirá o estágio de
experimentação que se baseia no caso dado pela sucessiva análise
de cada uma das continuações racionais, com verificação nesta
mesma ordem, conferindo o resultado obtido com a tarefa.
E agora, ao trabalho !
A derradeira posição na partida verificou-se assim (diagrama 02) :
diagrama 02
Olhemos um lance atrás (diagrama 03) :
diagrama 03
Além de 30. fe3, junto às brancas existia somente 30.
fg3, mas ele não permitiria defender-se - 30 ... fe5 ( ou no 30....
fg5) X.
Desta maneira, o erro foi cometido antes.
Porquanto os lances das brancas e das pretas frente a
isto foram forçados (tomadas), é possível ir ¨desparafusando
lentamente ¨ de imediato em duas jogadas atrás (diagrama 04 e 05).
diagrama 04
Ao lance 28.bc5 há apenas uma alternativa substancial
– 28. fe3, mas a ela não se pode reconhecer como satisfatória:
29 ... fe5 29. bc5 (29. ef4 e:g3 30. bc5 gh2 31. cb6 cd6
32. ba7 hg1 X ) 29. .. ed6 30. c:e7 cb6 31. a:c7 ef4 32.
e:g5 h:b6 X
diagrama 05
diagrama 06
Examinando as duas posições anteriores, é fácil
certificar-se que junto às brancas não havia escolha (diagrama 07
).
diarama 07
Em lugar da jogada feita na partida 25. gf2 podia
seguir 25. fe5.
Provemos: 25. ...hg3 26. ab4 (26. ef6 gh2 X)
26. .. . c:a3 27 ab6 c:a5 28. ed6 ab2 e as pretas ganham
facilmente.
Os lances 21. gf2 bc7 aqui (diagrama 08 ) não
alterariam nada em comparação com tal como foi na partida.
diagrama 08
Eliminando a troca anterior, é importante analisar a
posição frente à 22ª jogada (diagrama 09 ).
diagrama 09
Na partida seguiu 22. cb4. A ameaça 22. ... cb4 23.
a:c5 gf4 24. e:g5 ef6 25. g:e7 f:d2 tornou este lance
praticamente forçado, pois 22. cd4 se refuta com 22. ... gf4 X.
diagrama 10
Na partida seguiu 21.de3 (diagrama 10 ).
Facilmente se refutam outras jogadas: 21.gf2 (gh2)
gf4 22. cb4 de7 23. b:d6 e:c5 24. dc3 fe7 25. cb4 ed6
X ou 21. cb4 de7 22. b:d6 e:c5 23. dc3 fe7 etc X
diagrama 11
Na partida foi 20. f:d2 ( diagrama 11 ).
Não servia 20. f:h6 por exemplo por 22. ... dc7
21 ab4 ( 21. cb4 dc5 22. b:d6 c:e5 X ) 20. ... ba7 22. gh2
ef2 23. hg3 f:h4 24. cd4 ab6 25. bc5 d:b4 26. a:c3
cd6 27. cb4 ba5 28, dc5 ( 28. hg7 a:e5 29. gh8 ef4 30.
he5 hg3 31. e:b8 gh2 32. b:g3 h:f4 X) 28. ... a:c3 29.
c:e7 f:d6 30. hg7 cb2 X.
Em vista de tanto, que a série de lances do 18º ao
20º foram forçados, a pesquisa se continua na posição seguinte (
diagrama 12 ).
diagrama 12
Na partida houve 18. ed4 c:e3 19. gf4.
Por que motivo as brancas sacrificaram uma pedra ?
Para tal responder a esta pergunta, examinemos outras continuações:
18. cd4 (cb4) gh4
18. gh4 (gf4) ba7 19. h:f4 ( f:h6 ) cb4 20.
a:c5 cb6 21. a:c7 d:b2 X
18. gf2 gf4 19. e:g5 ( 19. g:e5 cb6 20. a:c7
b:b4 X ) 19. ... cd4 20. c:e5 cb6 21. a:c7 b:h2 X ).
18. gh2 gf4 19. e:g5 ( g:e5 cb6 20. a:c7 b:b4
X ) 19. ... cb4 20 a:c5 cd6 21. c:e7 d:f2 X.
Conseqüentemente as brancas, aqui, não podem
salvar-se.
Na partida, seguiu 16. fg3 (diagrama 13 ).
diagrama 13
E o que ocorreria se 16. cb4 ?
É absolutamente evidente que 16. ... de7 ( 16. ... fe7
17. ef4 X ) e 16. ... fg7 já permitem para as brancas cruzarem ao
ataque: 17. bc5, etc.
E, após mesmo o mais forte 16. ... bc5, as brancas
provocam simplificações: 17. b:d6 c:c3 18. ef4 g:e3 19.
f:b2 e pouco a pouco alcançam o equilíbrio.
Desta maneira, a tarefa colocada está concluída: o
lance, permitindo para as brancas esquivarem-se da derrota foi
encontrado !
O objetivo foi atingido: a falha decisiva foi
descoberta – 16. fg3.
Agora, este lance é possível assinalar com um ponto
de interrogação.
Após 16. fg3 ?, a sorte das brancas foi decidida.
Pareceria que o exame pode estar satisfatório. O
resultado obtido é possível diagnosticar como exato.
Quando a análise é conduzida por um damista, não de
classe superior, assim habitualmente ocorre.
Um exímio especialista, em semelhantes situações,
faz a si mesmo a pergunta: empate após 16. cb4, seria isto o máximo
para as brancas ? Planeja e continua a exploração, digamos
mediante a análise cronológica.
E descobre que, em lugar de 16. cb4, à disposição
das brancas existe um lance significativamente mais forte - 16. ab4,
depois do qual já para as pretas é que seria preciso suar para
alcançar o empate.
Para sermos breves, sigamos apenas a
variante-conclusão:
16. ... de7 17. fg3 ( 17. bc5 ? gf4 18. e:g5
ef6 19. g:e7 f:d2 X ) 17. ... gh4 18. gf4 ed6 19. bc5 d:d2
20. e:c1 fe7 21. gf2 ( 21. cd2 ed6 22. de5 hg3 23. f:h2
d:f4 24. gf2 bc5 25. fe3 fg3 26. h:f2 cd4 27. e:c5
cb8 28. a:c7 b:b4 29. fe5 ab6 30. ef6 ba5 = ) 21. ... ed6
22. de5 ( 22. ab2 dc5 23. fe3 cb4 24. a:c3 cd6 = ) 22.
... bc5 23. ef6 cd4 24. fg7 ( 24. fg5 de5 25. gh6 e:g7
26. h:f8 de3 27. f:d4 = ) 24. ... de5 25. f:d6 c:e5 26. gh8
ef4 27. h:c3 fg3 28. fe3 gh2 29. cd4 bc7 e as pretas
alcançam o empate.
Desta maneira, junto ao auxílio da síntese dos dois
gêneros de análise, nós descobrimos, não somente a falha decisiva
de um dos lados, mas definimos uma maneira ótima de desenvolvimento
da posição para ambos os lados e também uma objetiva avaliação
dela.
Como já falamos a princípio, além desses gêneros de
análise, salientamos também tipos, diferenciando-se no caráter
pelo grau de concreticidade.
ANÁLISE
CONCRETA
Para
este tipo de exploração, é característico o que se costuma chamar
< de jogada em jogada >.
Ela é aplicável para todos os estágios do jogo.
Todavia, é possível sempre mesmo reparar que, ao
máximo, a difusão da análise concreta se dá junto ao estudo de
posições com jogo forçado, posições nas quais as forças dos
adversários encontram-se em contato direto.
No fundo, exemplos de tal tipo, aparecem as explorações demonstradas nas seções ¨ANÁLISE CRONOLÓGICA ¨ e ¨ANÁLISE RETROSPECTIVA ¨.
ANÁLISE
GERAL
Para a análise de caráter geral, existe um alto grau de abstração.
Seguidas vezes, somente este tipo se elege nas
terminações e em posições interrompidas, onde a tarefa
fundamental aparece o delineamento, não de uma jogada concreta, mas
o objetivo do plano estratégico.
diagrama 14
Por exemplo, na posição do diagrama 14, neste final
de jogo não há nenhuma necessidade de estruturar a análise pelo
princípio < eu-para-aqui-tu-para-cá >.
É muito mais importante definir se existiria uma
construção geral, junto a qual as brancas ganham, e, se existe,
então como realizar esta construção.
Antes de tudo, é importante definir quais metamorfoses
na disposição dos lados podem ocorrer.
É evidente, em absoluto, que junto a tão mínimas
forças, das quais dispõem as pretas, elas estão colocadas
otimamente.
A pedra em f8 é uma guardiã segura do flanco esquerdo
das pretas e o deslocamento dela para a frente não tem sentido, por
isto que ela, neste caso, paralisa com facilidade a obtenção de
dama pelas brancas.
A dama preta mesmo, na grande diagonal, corta o caminho
aos campos de dama da pedra h4, passagem esta que se tornaria
decisiva.
Desta maneira, as pretas, por enquanto, estão
condenadas a executar a sem nexo < viagem de máquina de costura >
com sua dama, na marcha a1-h8.
As brancas, enquanto isto, conduzem, sem obstáculos, a
pedra b6 em dama.
Após isto, resta a pergunta: poderiam construir elas
uma posição decisiva ? Aclara-se que sim.
Para isto, com suas damas, elas se instalam nos campos
h2 e f4 e a pedra h4 ocupa g5.
Para a dama preta, neste caso, resta um único refúgio
em a1, pois os campos h8 e g7 deixam de existir para ela pelo laço
gf6 e, ficando ¨no ar ¨nos campos b2, c3 d4 estaria exposta a hg7
f:h6 ( se b:h8, então gf6 hg3 h:e5 X ) fg5 h:f4 g:c1 X.
Mas, junto à dama preta em a1, as brancas sacrificam a
pedra h6 e tomá-la somente é possível com a pedra f8, pois, em
caso contrário, funciona o laço.
Depois da entrega da pedra h6, seguirá uma nova etapa
na ANÁLISE GERAL (diagrama 15 ).
diagrama 15
Antes de tudo, chama a atenção em si mesma a
circunstância que junto a seu turno de jogar, as pretas
verificar-se-iam em zug zwang (posições nas quais a causa de
fracasso aparece apenas por ser o turno de jogar ).
Desta maneira, o objetivo das brancas é claro :
alterar na posição inicial o turno de jogar, isto é, perder um
tempo.
Seria isto alcançável ? Sim !
O caso é que, pelo trampolim ( pedra preta h6, dama
branca f4 e pedra branca g5 ) a dama preta está presa aos campos a1
e h8.
A dama branca revela-se livre e, manobrando, facilmente
perde m tempo: hg1 ah8 ga7 ha1 ab6 ah8 bg1 ha1 gh2 –
e a tarefa está preenchida ( diagrama 16 ).
diagrama 16
Jogam as pretas. Os campos h8 e g7 para a dama preta
estão proibidos por gf6 e os campos b2, c3 e d4, por fg3.
NOTA DO TRADUTOR:
a manobra de perda de tempo, executada pela dama branca, é o que em
xadrez se chama de ¨triangulação ¨.
SÍNTESE DOS DIFERENTES
GÊNEROS E TIPOS DE ANÁLISE
Numa
partida concreta, para uma correta exploração, todo gênero e tipo
de análise e cálculo entrelaçam-se muito intimamente e mutuamente
se completam um ao outro.
Vamos pegar ainda a seguinte posição ( diagrama 17 ):
diagrama 17
Jogam as brancas.
Mediante a ANÁLISE CRONOLÓGICA CONCRETA, é possível descobrir tal variante:
1. gf6 e:g7 2. hg5 ab4 3. gh4 ba5 4. ef2
cd2 5. bc3 d:b2 6. a:e1 bc3 7. fe3 gf6 ( 7. ... ab4 8 ed2 c:e1 9. ed4
c:e3 10. a:e7 f:d6 11. h:f2 e:g3
12. h:f2 X na regra russa ) 8. g:e7 ed4 9. e7:c5
d:f2 10. e:g3 cd2.
Neste ponto nós podemos cambiar para a ANÁLISE
CRONOLÓGICA GERAL.
As brancas levam a pedra c5 em dama em b8, as pretas,
de modo correspondente, d2 em e1 e a seguir retornam com a dama na
grande diagonal (em c3 ).
Qual posição podem construir as brancas para vencer ?
E será que podem de um modo geral ?
Experimentemos levar a dama branca em h2 e colocar as
pedras em f4 e g5.
A dama preta, vamos supor, encontra-se em a1 ( com tal mesmo resultado ela pode estar em c3 ou d4 ).
Veja-se o próximo diagrama 18.
diagrama 18
Sem as pedras a3 e a5, esta posição estaria
teoricamente empatada.
Aqui mesmo se descobrem nuances táticas ocultas.
As brancas ameaçam com o golpe hg7 f:h6 gf6
a:h8 ab4 a:c3 fg5 h:f4 h:a1 X.
Por isto, as pretas são forçadas a deslocar a pedra
fe7. Então as brancas descem com a dama hg1 e, ameaçando o ataque
gc5, forçam o posterior deslocamento ed6.
As brancas retornam gh2 e ao início dc5 ( de outro
modo hg7 gf6 h:b8 X ) conduzem àquele mesmo golpe hg7 a:h8
ab4 c:a3 gf6 X .
A conclusão preliminar desta maneira reza que a
posição explorada é sem esperança para as pretas.
Todavia, para completa certeza, como nós já sabemos,
é necessário fazer a verificação. E ela, neste caso, é mais
racional conduzir mediante apenas a ANÁLISE RETROSPECTIVA.
Não será aqui levar toda a cadeia de raciocínio,
digo somente que no final das contas nós deciframos a posição após
o sacrifício 1. gf6 e:g7 2. hg5 , sem considerar uma
inteiramente paradoxal possibilidade das pretas (diagrama 19 ).
diagrama 19
2. ... cd2 !! 3. e:c7 b:d8 4. gf4 (4. ab4 cb4
5. a:c5 gf6 6. g:e7 f:d2 = ; 4. gh4 ab4 X ) 4. ... gf6 5.
g:7 d:f6 6. bc3 fg5 7. fe5 gh4, etc , com empate.
Precisamente, graças à escrupulosidade da análise
retrospectiva, seguidas vezes resulta bem descobrir uma jogada que
escapa da campo visual.
Como nós nos certificamos, precisamente a síntese de
diferentes gêneros e tipos de análise dá a máxima exatidão e
objetividade de resultados.
O conhecimento metódico de todos os gêneros de
análise e a habilidade com que se empregam eles na prática autoriza
a falar sobre o bastante da alta classe do damista.
A mais poderosa ajuda na análise é o conhecimento de
princípios para interpretação de posições tipo e, também, o
conhecimento de estereotipados métodos táticos e estratégicos de
proceder.
VARIEDADES
DE FALHAS
Em
conclusão, recordo sobre falhas fundamentais que se cometem na
análise.
Inexatidão no juízo da árvore de análise ou no cálculo
Junto a isto, fora da exploração, com freqüência se verifica uma continuação de extraordinária importância para avaliação da posição (diagrama 20 )
diagrama 20
Por exemplo, uma falha assim será cometida se, na
posição do diagrama acima, junto ao lance das brancas nós
examinarmos apenas 1. gf4 1. ef4 1. gh2, deixando sem atenção
1. cd2 h:f2 2. ef4 o que leva á vitória: 2. ... fe1 3. dc3
e:b4 4. a:c7 d:f6 5. gf2 X.
Inexatidão na amplitude da árvore de análise
Isto leva a gasto supérfluo
de energia.
Em resultado, o damista utiliza irracionalmente suas
forças e seu tempo, dispendendo-os em operações desnecessárias (
diagrama 21 ).
diagrama 21
Assim, junto ao lance das brancas, será errôneo
incluir no círculo das operações 1. bc3 1. ba3 1. dc3 1.
de3, pois ameaça 1. ... bc5 2. d:b6 de7 3. b:g5 h:h2, o que
permite desdenhá-las por completo, concentrando a atenção em gf4.
Falhas psicológicas
No fundamento destas estão as idéias pré-concebidas.
Este é tal caso, quando se anseia aceitar algo por
verdadeiro.
Aproveitando o vocabulário escolar, elas se originam por uma espécie de ¨resposta de ajustamento ¨.
Seguidas vezes, praticamente em sua totalidade, tais falhas aparecem por uma inexata recusa sobre a etapa da verificação
( diagrama 22 ).
diagrama 22
Esta posição surgiu na partida V. Vigman x V.
Litvinovitch ( campeonato russo, 1974).
As pretas caminharam para ela sem sombra de dúvida,
supondo que após 1. ... fg7, facilmente descarregariam o seu flanco
esquerdo junto ao auxílio de 2. ... ef4 ou 2. ... ed4.
Todavia, precisamente esta confiança numa aparência,
pregou nelas uma peça.
Elas não verificaram a tempo a cadeia de cálculo e
demasiado tarde notaram que a 1. ... fg6 seguiria 2. ab6 c:a5 3.
de3 dc5 4. ab4 c:a3 5. gf4 e:g3 6. h:f4 fe5 7. f:d6
gf4 8. e:g5 h:f4 9. hg5 f:h6 10. dc7 X.
Penso que com esta lição, pode o amante do jogo de
damas compreender como custa por vezes um gigantesco volume de
trabalho por uma jogada simples em si mesma.
Este conceito é um importantíssimo degrau no aperfeiçoamento da maestria.